Devo admitir que, num primeiro momento, a vulnerabilidade não parece
algo bom de se cultivar como característica. Portanto, tornar-se
vulnerável não é, aparentemente, um convite atraente. Certamente, é
exatamente essa sensação que muitos de nós tentamos evitar a
qualquer custo, seja nos defendendo nas relações que estabelecemos
ao longo da vida, seja não nos permitindo vivenciar nossa
afetividade.
Mas estou eu aqui, agora, me sentindo vulnerável e inspirada o
suficiente para fazer esse convite e justificá-lo... Se
considerarmos que você não está vulnerável, podemos acreditar que
você está protegido - o que não é, nem de longe, o mesmo que sentir
-se seguro, autoconfiante ou bem-resolvido consigo mesmo!
Costumamos nos proteger quando o amor que sentimos começa a se
tornar profundo. Uma vez mergulhado na profundidade de seu coração,
muitos sentimentos difíceis começam a borbulhar e emergir em sua
mente e em sua alma, fazendo com que você se sinta desprotegido,
ameaçado...
Diante dessas sensações, podemos reagir de duas maneiras diferentes:
Primeira: Ou nos entregamos à vulnerabilidade e, assim, nos
permitimos aprender com o medo, com a insegurança, com o receio da
traição, do abandono e da rejeição... E, inevitavelmente, crescemos
e nos tornarmos fortes para lidarmos com essas questões presentes em
qualquer relação de amor...
Segunda: Ou nos protegemos, lançamos mão de nossas armaduras e
passamos a nos defender do outro, do amor, do relacionamento, da dor
e das infinitas possibilidades de evolução.
Protegidos, podemos usar uma de três estratégias diferentes:
1- Acusamos o outro: nossas palavras, pensamentos e intenções culpam
o outro por tudo o que estamos sentindo e não sabemos o que fazer.
Criticamos as atitudes da pessoa amada e acreditamos que o
responsável por estarmos nos sentindo feridos, magoados e ameaçados
é ela!
2- Fazemos chantagem emocional: choramos, nos deprimimos, ficamos
até doentes e assumimos o papel de vítima para, com isso,
conseguirmos "manipular" o outro a fim de que ele mude seu jeito de
ser - o que, para nós, é a causa de todo nosso sofrimento.
3- Ficamos indiferentes: fingimos que nada que o outro faça é capaz
de nos incomodar. Nada falamos, a nada reagimos e passamos a viver
como se o outro não existisse. A cada pergunta do tipo "o que você
tem?", respondemos com a maior cara de sonso: "nada, por que?".
Tentamos enganar a nós mesmos, nos magoando e magoando o outro, como
forma de vingança!
Nenhuma das três estratégias pode nos fazer evoluir, crescer ou
enriquecer o relacionamento. Nenhuma das três escolhas pode fazer
com que a relação ou a gente mesmo fique melhor. Só podemos
transmutar esses sentimentos - que todos nós temos!!! - se nos
tornarmos vulneráveis.
Vai doer, não vai ser fácil, mas depois de uma conversa sem
acusações, depois de uma auto-análise, que nos permite ver o quanto
esses sentimentos estão dentro da gente e não no outro, podemos
atingir um patamar acima na escala do amor e nos sentir genuinamente
integrados com a pessoa que amamos.
Convido você a um exercício: toda vez que se sentir magoado,
irritado, ofendido, abandonado, inseguro ou desrespeitado, antes de
acusar o outro, colocar-se no papel de vítima ou ficar indiferente,
pare um instante e se pergunte: "do que é que eu estou com medo?".
As respostas estarão relacionadas com a sua história de vida, com o
seu passado, com as suas feridas... Porque você não quer ser
contrariado? Porque sua auto-estima está baixa e você tem medo de
ser trocado? Porque você é carente e quer que o outro acabe com este
problema?
Seja qual for a sua resposta, acolha-se e conte para o outro,
expondo seus sentimentos mais profundos, assumindo a sua
responsabilidade pelos seus próprios medos. E, assim, muito
provavelmente ele vai se sentir com um desejo imenso de ficar ao seu
lado, de contribuir para que você não se sinta tão mal, com tanto
medo!
Porque todos nós, indefinidamente, preferimos ser companheiros a
sermos culpados; preferimos ser parceiros de uma situação difícil a
agredidos por algo que está incomodando o outro! Arrisque e
certifique-se dos resultados!
Permita-se ficar vulnerável e esteja preparado para se surpreender
com o que você pode sentir, tanto pelo outro, quanto por si mesmo e,
sobretudo, diante da oportunidade de amar!
Autoria desconhecida
Não estamos violando nenhum direito autoral ao publicar esta
reflexão, ao contrário, procuramos o(a) autor(a) para lhe dar os
devidos créditos
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